Martha Grill em Minamiharainstalação de torrefação no local
Desde que ingressou na Minamihara, Martha passou muito mais tempo torrando e trabalhando com café verde. Perguntamos a ela o que pensa sobre como torrefadores e compradores verdes podem explorar melhor o que o café brasileiro tem a oferecer e o que podem fazer para desenvolver bons relacionamentos com os produtores.
Para os compradores e torrefadores de café, Martha enfatiza novamente a importância de não manter expectativas fixas sobre o sabor e o comportamento do café brasileiro na torrefadora. “O fato de parte do mundo ainda ver o Brasil como um grande produtor de base de mistura de café expresso é uma pena”, diz ela. 'Os torrefadores de café deveriam começar a procurar um perfil de sabor diferente daquele que concebem como “Brasil”.' Com tantas regiões produtoras diferentes no Brasil e uma ampla gama de espécies, variedades e processos disponíveis, existem muitos perfis de sabores diferentes esperando para serem descobertos. “Não consigo deixar de me surpreender com a qualidade, a consistência e os diferentes perfis sensoriais que provo no dia a dia”, diz ela.
“Na minha opinião, é simplista falar sobre o “café brasileiro” como se fosse apenas uma coisa encorpada, de baixa densidade e com nozes”, diz Martha. 'Por exemplo, [em Minamihara] produzimos cafés à sombra, secamos os nossos cafés em canteiros africanos dentro de uma estufa, produzimos apenas produtos naturais e as cerejas secas descansam nas cascas durante pelo menos três meses antes de serem torradas. Esses cafés são surpreendentemente densos e podem facilmente ser confundidos com um café etíope durante a torra e também na mesa de degustação.
Martha Grill escolhendo seu café a dedo
Torrefadores de outros países muitas vezes perdem algumas das possibilidades inerentes ao café brasileiro, sugere Martha. 'Mesmo que a maioria dos melhores cafés [verdes] ainda sejam exportados, na minha opinião o melhor lugar para experimentar os cafés brasileiros é aqui... Suspeito que seja porque os torrefadores de todo o mundo tentam encontrar características clássicas nos cafés brasileiros, em vez de se permitirem ficar surpreso… enquanto os torrefadores brasileiros investigam todo o potencial escondido nesses grãos”, diz ela.