Como maior produtor mundial de café há mais de um século, os acontecimentos no Brasil têm forte influência nos preços mundiais do café. Na primeira metade do século XX, o café foi o produto de exportação mais importante do Brasil, refletido nas políticas fiscais governamentais que visavam proteger as exportações de café (Prata 2018).
A partir de 1962, o Acordo Internacional do Café estabeleceu cotas de exportação para os produtores brasileiros com base na produção dos anos anteriores, a fim de controlar o preço do café. As margens estáveis que isso criou para os produtores significavam que havia pouco incentivo para melhorar a qualidade, de modo que o Brasil desenvolveu uma reputação de produzir café de baixa qualidade (Chaddad et al 2009). Nos anos seguintes, a economia brasileira diversificou-se e o café tornou-se menos importante do que outras commodities, incluindo soja, minério de ferro e petróleo.
O valor das exportações de café do Brasil em 2021 totalizou mais de US$6 bilhões. Somente as exportações de arábica verde renderam US$ 1,6 trilhão, 5,3 bilhões, com café solúvel (instantâneo) e café verde canéfora constituindo a maior parte do restante (Cecafé 2022). O Brasil é o maior produtor mundial de café instantâneo, mas as exportações para a Europa e outros países têm sido dificultadas por “tarifas discriminatórias” – tarifas de importação que são aplicadas a taxas diferentes para países diferentes. Estas tarifas promoveram o crescimento dos produtores de café instantâneo em outros países da Europa e da Ásia (Nishijima e Saes 2010).
Uma fábrica de café solúvel. O Brasil é o maior produtor mundial de café solúvel (“instantâneo”), mas o mercado é dominado por marcas internacionais.
Embora os preços do café brasileiro sejam geralmente mais baixos do que os do café de outros países, os agricultores brasileiros normalmente levam para casa uma proporção mais elevada do preço “Free on Board” (FOB) do que os produtores de outros países. Por exemplo, um produtor brasileiro ganha em média 89% do preço FOB pelo arábica naturalmente processado, enquanto que por um café natural etíope de grau 1, os produtores recebem apenas 46% do preço FOB (Centro de Comércio Internacional 2021).